Um Santo Ano de Misericórdia

09/01/2016 16:56

Um Santo Ano de Misericórdia

Arquidiocese de Brasília
11/12/2015 15:28

Diante das sombras que existem no mundo - terrorismo, guerras, violência, corrupção e desprezo pelos refugiados e marginalizados - nós podemos perceber que precisamos recorrer com mais frequência à misericórdia de Cristo, pois n’Ele resplandece “o rosto da misericórdia do Pai”. (Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus, nº 1).  A misericórdia é a luz de Deus que, mesmo nestes momentos de crise, nos faz vislumbrar a presença de Cristo no cotidiano da nossa história.

Para nos despertar para a vivência da misericórdia e para o aprendizado da justiça, o Papa Francisco, no dia 08 de dezembro último, na Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, por ocasião do aniversário de 50 anos de encerramento do Concílio Vaticano II, abriu solenemente o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, que foi instituído por ele por meio da Bula “Misericordiae Vultus”. Este Ano Santo será, certamente, para todos nós um tempo feliz de aprendizado da esperança, de exercício da caridade e de intimidade com o Cristo misericordioso, mediante a prática das obras de misericórdia corporais e espirituais.

Com a abertura da porta santa deste Ano Jubilar, nós somos inseridos no itinerário deste Ano Santo com a certeza de que “a Igreja precisa desse momento extraordinário. Não digo: é bom para a Igreja este momento extraordinário. Digo: a Igreja precisa deste momento extraordinário”. (Papa Francisco, Audiência em 09 de dezembro de 2015). Sim, nós, como membros da Igreja, precisamos sentir a misericórdia divina em nossa existência, em nosso mundo e em nossas comunidades, pois a misericórdia é o compêndio do Evangelho, o sinal eficaz da ação de Deus no cotidiano da fé e é também a sublime expressão da ternura e da bondade de Cristo. Sim, nós precisamos vivenciar a misericórdia de Deus em nossas vidas, para que possamos fazer brilhar, de algum modo, a luz da misericórdia divina na vida do nosso próximo, percorrendo eficazmente o caminho da salvação, evidenciando nossa pertença a Deus e expressando, mediante um sorriso, uma mão estendida ou uma palavra amiga, os gestos misericordiosos do acolhimento cristão.    

Nestes primeiros dias deste Ano Jubilar, nesta preparação imediata do Natal, temos que perceber que Deus Pai foi amplamente misericordioso conosco, pois Ele enviou o Seu Filho unigênito ao mundo para nos salvar e nos ensinar a viver a vida de Deus. A partir de Cristo, e em nome de Cristo, nós somos convocados a incrementar a nossa conversão e a nossa santidade, eliminando o egoísmo e a soberba que dificultam o acolhimento do próximo. Com renovada fé, temos que testemunhar a cada novo dia deste Ano Santo que “a misericórdia supera qualquer muro, qualquer barreira e leva-nos a procurar sempre o rosto do homem, da pessoa. É a misericórdia que muda o coração e a vida, que pode regenerar uma pessoa e permitir que ela se insira de maneira nova na sociedade”. (Papa Francisco, Audiência em 10 de setembro de 2014). 

Este Jubileu é um tempo favorável para contemplarmos a ação da Divina Misericórdia em nosso meio e mudarmos o nosso coração. Tempo de aprendizado da esperança que nos leva a bradar nos momentos de dificuldades e de sofrimento: Senhor, “toda a minha esperança apoia-se somente na Vossa grande misericórdia”. (Santo Agostinho, Confissões, 10). É também um fecundo tempo para a superação dos pecados e dos erros que nos afastam de Cristo. Tempo de salmodiar: “Por Vosso amor infinito, ó Deus, tende piedade de mim! Por Vossa infinita misericórdia, apagai a minha culpa. Tirai de mim toda iniquidade, pois só vós podeis perdoar meus pecados” (Sl 50, 3-4).

O objetivo deste Ano Santo da Misericórdia é fazer-nos santos e generosos no resgate do nosso próximo para Cristo. Para que isso ocorra, nós precisamos abrir as portas do acolhimento, do perdão e da fraternidade em nossos relacionamentos humanos. Precisamos também contemplar a presença da Virgem Santa Maria, a Mãe da misericórdia, no nosso dia a dia, pois “a doçura do seu olhar nos acompanha neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus”. (Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus, nº 24).

Que a Virgem Maria nos ensine a perceber e a professar que a misericórdia de Deus se estende de geração em geração e, por isso, são “felizes aqueles que, imitando o exemplo dos pobres às portas dos ricos, não cessam de pedir a esmola de alguma graça às portas da misericórdia de Maria”. (Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora, página 52). Em união com a Virgem Maria, eu desejo a todos vocês um feliz e abençoado Ano Santo da Misericórdia do Senhor!

Por Aloísio Parreiras
Escritor e membro do Movimento de Emaús


 

Leia mais:

 

 


Crie um site grátis Webnode